<font color=990000>Capitalismo é barbárie</font>

O lema do se­mi­nário in­ter­na­ci­onal era «Civilização ou barbárie», mas a expressão «Socialismo» cedo se substituiu à primeira palavra, como sinónimo. A primeira sessão de debate, na quinta-feira à tarde, foi subordinada ao tema «A crise estrutural do capitalismo e o socialismo como alternativa à barbárie» e contou com a presença do filósofo e professor István Mészáros, de Alberto Anaya, dirigente do Partido do Trabalho do México e dos angolanos Paulo Jorge e Carlos Belli-Bello. A direcção esteve entregue a Rui Namorado Rosa.
Considerando que a actual crise do capitalismo é estrutural, e não apenas mais uma crise cíclica, István Mészáros destacou o carácter regressivo do capitalismo actual, que está a chegar, considera, ao limite da sua capacidade produtiva. A necessidade de recursos para a reprodução do capital provoca a intensificação dos processos de concentração e centralização. Isto, destacou, é a causa principal da miséria, quer na periferia quer no próprio centro.
O filósofo de origem húngara destacou o papel fundamental que os estados assumem hoje no funcionamento do sistema capitalista. Lembrando que capitalismo e barbárie caminham lado a lado, Mészáros apontou o socialismo como alternativa à barbárie capitalista. Mas, considerando estar-se perante a fase de «produção destrutiva» do capitalismo, o filósofo terminou com negra ironia: «socialismo ou barbárie, com sorte».
Já o mexicano Alberto Anaya, analisando o capitalismo actual, encontrou uma combinação entre uma crise sistémica com uma crise cíclica do capitalismo. Anaya destacou ainda que a etapa actual se caracteriza pelo fracasso do modelo neoliberal e da globalização como formas de superar essas crises. Localizando no final dos anos setenta o início da ofensiva neoliberal – reforçada pelas derrotas do socialismo na URSS e no Leste da Europa – o mexicano apontou o neoliberalismo e a «globalização» como os «instrumentos primordiais da contra-ofensiva do capital», depois de décadas de conquistas sociais por parte dos trabalhadores.
Paulo Jorge, ex-ministro das relações exteriores de Angola e dirigente do MPLA, referiu-se ao agravamento dos problemas do mundo. Vindo de um continente onde a barbárie capitalista atinge o seu extremo, o dirigente do MPLA divulgou dados recolhidos por organismos internacionais: mais de 12 milhões de crianças morrem, no chamado terceiro mundo, de doenças curáveis; 325 milhões de crianças destes países não têm direito à instrução; mais de 850 milhões de adultos são analfabetos e 1300 milhões de pessoas vivem na mais extrema pobreza. Contrastando com isto, o orçamento militar dos EUA para 2003 foi de 380 mil milhões de dólares (3,2 por cento do PIB, enquanto que para a ajuda ao desenvolvimento apenas consagrou 0,11 por cento).
Para Paulo Jorge, o continente africano foi «relegado para um plano terciário pelas políticas das grandes potências e, também, pela desastrosa actuação de alguns dos seus dirigentes». O grande problema de África reside, ainda, no facto de depender da «ajuda» externa e dos investimentos estrangeiros. Paulo Jorge foi secundado por Carlos Belli-Bello, conselheiro da presidência de Angola, que lembrou a pesada herança deixada pelo colonialismo, que deixou os novos países independentes a braços com atrasos estruturais graves.


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